A resposta é sim. Interferem.
Primeiro porque as cores geram efeitos fisiológicos, que variam de acordo com a
tonalidade, podendo induzir e gerar sentimentos. A cor, há muito tempo, já é
usada como ferramenta no processo de comunicação, no marketing, na propaganda,
nas artes e em muitas outras áreas do conhecimento.
As cores têm, inclusive, o poder de influenciar no dia-a-dia
das pessoas, por alterar emoções e juízo.
Na gastronomia, as cores podem ser usadas de várias
maneiras.
Referente ao uso de placas de corte¹ na gastronomia, se
divide as placas por cores, que designam os tipos de alimentos que podem ser
utilizados em cada uma dessas placas, na intenção de manter a segurança dos
alimentos e evitar contaminação cruzada².
As placas de corte vermelhas são utilizadas para carnes
vermelhas cruas. Já as placas verdes são usadas para vegetais, sejam eles
verduras, legumes ou frutas. A placa azul é usada para pescados, que incluem
peixes e frutos do mar. A placa amarela é apropriada para aves cruas, enquanto
a bege é ideal para carnes assadas e embutidos³. Por fim, a placa de corte branca é usada para
laticínios.
Além de manter a organização da cozinha e dos processos, o
uso das placas de corte evita problemas com contaminação entre alimentos
diferentes.
No âmbito nutricional as cores trazem bastante informação. Existem corantes naturais nos alimentos, que
indicam a presença de substâncias benéficas à saúde do consumidor.
Em alimentos de cor laranja e amarelo, como a
cenoura, o mamão e o abacaxi encontra-se o betacaroteno, que é responsável por
essa tonalidade também pelo fortalecimento do sistema imunológico.
Já o licopeno fornece a cor vermelha em tomates, goiabas e
melancias e também contribui para a saúde, prevenindo, por exemplo, doenças
cardíacas.
A cor roxa, as vezes levemente azulada, presente nas amoras
e berinjelas indica presença da antocianina,
que é eficaz contra infecções urinárias, além de prevenir câncer.
O marrom é a cor marcante das oleaginosas como as castanhas,
nozes e avelãs, e contribui com grande quantidade de vitaminas essenciais para
a manutenção da saúde.
Nos alimentos verde-escuros como os brócolis, o espinafre, a
couve manteiga e muitos outros , estão presentes a luteína e a zeaxantina,
carotenóides que protegem a visão. A clorofila também está presente nos
alimentos verdes, que tem ação bactericida e cicatrizante.
A alicina combate infecções e está associada a cor branca da
cebola, cebolinha, alho e alho poró.
E, com essa grande variedade de cores, podemos também apelar
para apresentação dos pratos.
Preparações e receitas coloridas são bem mais
atraentes, encantando os olhos e abrindo o paladar antes mesmo de os outros
sentidos conseguirem iniciar a participação.
No próprio ambiente onde o alimento é servido há
interferência das cores. Cores quentes, como vermelho e laranja são tonalidades
que embelezam melhor os tons de pele das pessoas e que deixam o ambiente mais
aconchegante. Cientistas afirmam que a cor vermelha contribui para uma boa
digestão, portanto, nada mais agradável que tê-la presente em um ambiente onde
se come. Ele emite sensação de calor e
de segurança, além de ser uma cor ideal para qualquer momento e motivo.
A cor amarela para ambientes indica velocidade, ação e
movimentação, ideal para fast foods. Porém, quando utilizada compondo uma
logomarca ou a pintura possuir outras cores, o efeito de pressa é atenuado.
Tanto o vermelho quanto o amarelo ocorrem bastante em cores
de alimentos, porém, o verde, que também é bastante comum em ingredientes, não
consegue causar a mesma sensação positiva quando presente em decoração e
pintura para ambientes.
O azul consegue ser ainda pior, sendo considerado até como a
cor que diminui o apetite.
A respeito da interferência da cor na nossa percepção em
relação aos sabores, notou-se por meio de testes que as cores influenciam na percepção
e interpretação dos sabores. Ou seja, servir alimentos de cor diferente da
usual pode aumentar o tempo de identificação dos ingredientes e sabores.
Um exemplo disso é que a nossa percepção de
sabor fica alterada ao consumirmos uma bala de limão tingida de roxo: tendemos
a achar que não é de limão, e nosso cérebro remete aos alimentos roxos, como a
uva, por exemplo. Outra barreira é a
falta de cor: servir alimentos sem cor também faz com que demoremos mais a perceber
o que estamos comendo.
Assim, notamos que de diversas formas, as cores podem nos
estimular ou nos reprimir quanto a quantidade de alimento, podem nos fornecer
segurança alimentar, podem nos nutrir e podem nos saciar visualmente.
(¹) Placas de corte são utensílios de apoio para realização
de cortes em diversos tipos de alimento. Também conhecida como tábua. Comum em
polipropileno, vidro e outros materiais atóxicos.
(²) Contaminação cruzada é a transferência de microrganismos
que causam doenças, que pode ser transmitida de forma direta ou indireta. É
importante ter cuidado com a contaminação entre alimentos crus e alimentos
cozidos.
(³) Embutidos são produtos de charcutaria, que são
produzidos a partir de carnes processadas, sendo ou não defumadas e podendo ou
não estarem contidas em tripas limpas de animais. Os embutidos mais comuns são
as lingüiças, as salsichas, o paio e a mortadela.
Referências: studioartesplásticas,
culináriafuncional, saúdeemmovimento, a vida sexual dos alimentos e como
cozinhar sem receitas.
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